sábado, 17 de setembro de 2011

Rafa & eu

Queridas e queridos...

Estou aqui hoje por um motivo especial... A querida Clau, que escreve o delicioso Força de Expressão propôs uma campanha deliciosa dias atrás... Ela pediu de presente de aniversário doação de brinquedos para o dia das crianças... Passem no blog dela e confiram direitinho como funciona... Ela vai arrecadar esses brinquedos e fazer a festa numa instituição!!!!

Deu uma vontadona de participar, mas sei minhas limitações e meu dia das crianças, assim como o Natal, já têm verba com destino certo... Expliquei isso prá ela e ela me pediu que contasse esse destino... Fiquei de contar, mas a correria me dominou e passou...

Hoje, passando pelo blog dela, li um post que me emocionou ao extremo... Ela conta a história de uma amiga que tem uma filha adotiva e como foi o processo entre elas se conhecerem e a adoção ocorrer de fato... O que acontece é que agora não dava mais prá ignorar, né? Quem me conhece já sabe do que estou falando... e quem não me conhece, vai entender...



Essa princesinha aí comigo é a Rafaela... Essa foto é de 2005, quando nos conhecemos...

Em 2005, comecei a dar aula na prefeitura aqui de Jundiaí, numa escola que atende um público bastante carente. A escola atende também um dos abrigos aqui da cidade. Minha turma era uma classe mista de crianças entre 4 e 6 anos...

Era comum receber alunos que "passavam" pela escola, pois eram as crianças que eram abrigadas e voltavam para suas famílias. Cada uma com uma história pior do que a outra. Alguns mais arredios, outros mais carentes, mas todos sempre receberam de mim o mesmo carinho e atenção que os outros alunos.

Então, durante uma licença saúde que eu tirei, entrou uma garotinha que parecia um bichinho do mato... não falava com ninguém, nem com os colegas. Não fazia as atividades, não brincava... só ficava quietinha... "não dava trabalho nenhum". Quando voltei, foi assim que ela me foi descrita. A criança que eu conheci, me recebeu com um sorriso lindo. Não me disse oi, nem seu nome, mas me deu um beijo.

No outro dia, ela me pediu prá ir ao banheiro e no outro dia, quis beber água. Na hora do parque, ficava quietinha, sentada ao meu lado. Eu puxava papo com ela, mas ela nem sempre respondia. Na semana seguinte, ela me pediu prá beber água na frente de uma outra professora, e nesse dia tudo ficou claro prá mim... Essa outra professora não entendeu o pedido da pequena, mas eu sim... e respondi. A colega ficou me olhando espantada e perguntou como eu sabia o que ela queria.... não soube responder... eu só sabia!

Comecei a ficar mais atenta. A pequena, aos poucos, se soltava e conversava mais comigo... Eu a entendia perfeitamente, mas entendi que ela não falava como as outras crianças.... "posso beber água" era simplesmente "áa"... mas prá mim soava exatamente igual!!! A cada dia que passava estávamos mais próximas. Quando dei por mim, aquele "bichinho do mato" estava brincando com as outras crianças, correndo no parque, fazendo mil poses prá minha sempre inquieta máquina fotográfica.

Chegava em casa e só falava dela... O namorado da época odiava ouvir. E meus pais ouviam...

Todos os dias, no final da aula, chorávamos abraçadas.... A saudade que eu sentia dela era imensa... então fui ser voluntária no abrigo... Eu a levava da escola pro abrigo, e ficava lá durante a tarde, lendo, brincando, com ela e as outras crianças... E ela sempre ficava brava quando eu dava atenção pros outros... Ô bichinha ciumenta.... Dizia "eu sou seu nenê, só eu"...

Mesmo assim, a agonia de dizer "até amanhã" persistia...

Foi então que cogitei traze-la prá passar o fim de semana comigo. Só se trouxesse o irmão. Na época, ela estava com 6 anos e ele com 10... Um garoto doce, mas vivido e muito esperto. Depois de muita argumentação, consegui que meus pais concordassem e eles vieram passar o final de semana conosco. Foi ótimo. Minha avó e a Didade adoraram a agitação de ter crianças em casa novamente. E ele adorou a piscina e as comidas gostosas...

Começamos a falar em "guarda provisória"... mas essas crianças já vinham de um lar desestruturado... como eu, solteira, morando com meus pais, iria adotá-los? Meus pais fariam... Ao contrário de tudo que já ouvi falar, o processo foi simples, rápido e nada burocrático. Após o terceiro fim de semana que passaram conosco, o juiz havia concedido a guarda provisória do Bruno e da Rafaela aos meus pais. Sem visita de assistente social, sem troca de roupa, sem nada (juro, eles vieram com a roupa do corpo)... Entendo que o abrigo estava super lotado e um lugar onde as crianças ficassem aguardando a definição do pátrio poder era interessante. Duas crianças grandes teriam poucas chances de adoção, então, caso a família perdesse o pátrio poder, eles ficariam conosco. Caso contrário, voltariam para eles.

O começo foi um sonho, mas o sonho durou o tempo que demorou pro Bruno entender que minha casa não seria seu parque de diversões. Que ele seria muito amado, mas seria também educado. Conforme fomos mostrando os limites, ele foi mostrando o que faria para negá-los.

A Rafaela, pelo contrário. Aceitava todas as regras e cada dia mais portava-se como uma princesa. Ela tinha grande deficiência na fala e na aprendizagem. Após vários exames, constatamos que o problema é somente emocional, graças a Deus. Aos poucos, ela foi aprendendo os nomes das letras, a falar seu nome e outras palavrinhas, como a "á-gu-a"...

Cada dia mais violento e arredio, o Bruno não obedecia ninguém, quebrava o que via pela frente se era repreendido ou orientado. Pedíamos ajuda psicológica do pessoal do fórum, negaram. Procurávamos atendimento particular quando num desses dias, quebrou uma cadeira dessas de plásticos nas pernas da Didade... Prá quem está chegando por aqui agora, a Didade é minha tia-avó, tem hoje 85 anos e é paralítica.... Ela e minha avó passavam a tarde sozinhas com ele e passaram a teme-lo... E ele percebeu.... ameaçava bater na minha tia e ela se urinava... e ele ria...

O que você faz nessa hora? Deve ter muita gente lendo e julgando... faz parte de expor sua história... mas tente de verdade se colocar no meu lugar... no lugar dos meus pais....

Fomos mais uma vez ao fórum, onde ouvimos a pérola "é só delas que ele não gosta? Elas estão velhas, já já elas morrem"!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Continuávamos procurando por ajuda psicológica profissional, mas em pouquíssimo tempo a situação ficou insustentável e alguém teria que deixar de morar conosco........

Foi um dos dias mais sofridos da minha vida....

Muitos meses se passaram e tudo que eu sentia era um vazio... Soube que eles voltaram para a casa da família... Depois de muito me torturar, implorei à psicóloga do abrigo que me desse o endereço deles... Ela telefonou para a avó deles que aceitou nos receber, mas não sabia que era na minha casa que eles haviam morado...

Fazia mais de um ano que eu não via minha princesinha quando nos reencontramos.... Cheguei no lugar onde ela mora e quando ela me viu, correu e pulou no meu colo, como sempre fazia... choramos muito abraçadas. A avó me recebeu muito bem. Uma casa muito, muito, muito pobre numa das piores favelas daqui, onde na época moravam 11 pessoas...

Tudo que eu pensava era em como tirar minha pequena dali... eu podia dar uma vida melhor a ela, melhores oportunidades de estudo e de desenvolvimento - pois ela continuava sem ler ou escrever e falava ainda com muita dificuldade, embora não tivesse esquecido as palavras que havíamos ensinado...

No final da visita, o Bruno chegou e contou prá avó quem eu era... tive muito medo que ela me mandasse embora e nunca mais me permitisse visitar a Rafa... Mas ao contrário, ela se emocionou e me abraçou dizendo que agora sabia que sua neta tinha sido muito amada. Disse a ela que a neta dela era prá mim a filha que não saiu da minha barriga. Ela, muito emocionada mesmo, me convidou, então, prá ser madrinha da pequena... Tinha como não aceitar?????

De lá prá cá nunca mais nos separamos... A mãe dela faleceu pouco tempo depois... Ela está uma moça linda... faz 12 anos em outubro... Ainda tem dificuldades para falar, mas fala pelos cotovelos, é enfezada, geniosa, ciumenta, vaidosa... ao contrário de mim, é organizada e não gosta de bagunça... ainda não lê nem escreve, mas está progredindo muito. Faz fono e terapia 2x por semana e tem uma madrinha professora que pega no pé... Vou a todas as reuniões de pais, participo dos tratamentos, levo ao médico, dou bronca... quando ela não obedece a avó, sou eu quem entro em ação....

Tentei traze-la pra morar comigo ano passado, mas ela não fica em paz... se preocupa com a avó... Dona Nadir - a avó - é uma pessoa maravilhosa... simples, humilde, mas com um coração maior do que ela própria. Nos damos muito bem e ela tem em mim uma filha... Ela sabe que quando ela se for, sua neta não estará desamparada...

E onde nessa história imensa entra o dia das crianças e o Natal??? Bem, lembram que eu falei 11 pessoas??? A Rafa tem 3 priminhos que moram com ela... Além do Bruno, da mãe e do pai dos priminhos e de uma tia que tem 17 anos... e, claro, a avó.... Quem acha que eu consigo dar presente só prá ela??? Tentem adivinhar quem compra roupa e brinquedo prá essa molecada toda....

Graças a Deus eu tenho amigos maravilhosos que estão sempre ajudando... todo mundo que faz faxina no guarda roupa, manda prá mim, brinquedos e roupas dos filhos, coisas de casa... enfim... é muita gente e renda nenhuma, a não ser o bolsa família!!!!! Eu faço o que eu posso, o que eu não posso e quando passa do limite, eu grito por ajuda...

Dói saber que ela não está aqui comigo, mas sei que ela sempre volta - amanhã mesmo, é dia de pic nic... E a monstrinha é tão parecida comigo que não consegue pensar primeiro nela... mesmo querendo estar aqui, sente que precisa cuidar da vó e ajudá-la a cuidar dos primos menores... Só posso apoiá-la e respeitar sua decisão... Fazer o quê? Filho de peixe... rss...

A pessoa aqui some e quando volta aparece com um post deeeesse tamanho, né?

Amo vocês... Logo trago as minhas novidades...

Beijos açucarados ;o)

sábado, 10 de setembro de 2011

Saudades, vózinha...


Hoje, 10 de setembro, minha avó faria 89 anos....

Sinto demais sua falta...

Te amo, Dona Lady.... sem sua influência eu jamais seria quem sou hoje...

Beijos açucarados ;o)

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Receita - Frango com abóbora

Pessoas mais amadas deste mundo... quanta saudade!!!!

É com muita dor no coração que a cada novo dia vejo minha vida se afastando mais e mais das minhas amelices... A máquina de costura não tem sido ligada nem prá remendos e barras... a cozinha é um universo distante onde eu entro só prá providenciar a refeição e já saio correndo... Meu crochets parados, uma lista de projetos inacabados e outros tantos nem começados...

Por outro lado, me sinto cada dia mais próxima daquele que sempre foi o sonho maior... e essa alegria acaba confortando meu coração apertadinho...

Por isso, quando consigo passar um tempinho na cozinha mimando quem eu amo, fico super feliz... Essa semana eu caprichei no almoço... algo diferente, mas que segue aquela minha mania de rapidez e praticidade. Copiem que vale a pena...

FRANGO COM ABÓBORA

- 500g de frango em cubos (como para strogonoff)
- 3 cebolas picadas
- 1kg de abóbora (aquela de doce mesmo)
- 1 copo de requeijão
- temperos a gosto

Usando a panela de pressão, refogue a cebola e o frango nos temperos. Como sempre, eu uso muito alho. Acrescente a abóbora e complete com água até cobrir os pedaços de abóbora.
Deixe ferver em fogo baixo por 20 minutos. Quando você abrir a panela de pressão, "amasse" a abóbora com uma colher. Se necessário, engrosse um pouco com maisena (sempre dissolvida num pouco de água fria). Deixe ferver e acrescente o requeijão...

Pensa numa comida boa... Não precisa mais do que um arroz branco prá ter uma refeição de lamber os beiços...

Beijos saudosos e açucarados ;o)