Bom dia, queridos...
Claro que no tempo de hospital também se agrega uma infinidade de histórias engraçadas prá contar... Um hospital não é feito só de dor, só de sofrimento, não... No meio disso, a gente se diverte um pouco, sim... Eu, pessoalmente, recebi de Deus o dom da alegria... e acabo me divertindo até onde não "deveria"...
Lá no primeiro dia, conheci também a dona Iracema... uma senhora simpatissíssima, muito conversadeira e cheia de bons casos prá contar... Dei boas risadas com ela... A todo custo ela queria me casar com alguém... Enfermeiro, médico, técnico de radiologia... Quem fosse homem e entrasse no quarto delas, ela dizia "e esse, o que você acha?"... rss... Bonitinha de tudo...
Ainda no "quarto 100", o primeiro onde a Didade ficou, onde conheci a dona Maria e a dona Iracema, tive algumas breves, mas ótimas experiências...
Lembro rindo alto de uma senhora, descendente de italianos, muito agitada e um tanto brava, que tivera um avc algum tempo atrás e, na proximidade de um aniversário onde reuniria a família, resvolveu levantar as 4 da manhã prá fazer faxina, pois, segundo ela, a nora não limpava a casa direito... resultado? Uma costela quebrada!!!
Teve uma outra que estava acompanhando a mãe... Ela e os irmãos revezavam nos cuidados com a mãe, mas ela estava furiosa, pois a mãe sempre tinha problemas com a sonda no dia dela cuidar... Ou a sonda entupia, ou saía, algo acontecia... Por que será que era sempre na vez dela? Acho que era algo relativo ao signo dela, mas nunca ao fato dela não saber lidar com a sonda... rss... Mas o "causo" que vou contar aqui é que a velhinha estava reclamando de fome, afinal, estava com a sonda entupida, sem comer há algumas horas... E então, chega a hora da janta dos pacientes e dos acompanhantes... a filha pega sua refeição, abre do lado da pobre velhinha e começa a comer... Eu não sabia se ria ou se chorava... Mas depois disso, não consegui mais comer caso a Didade estivesse acordada...
Tinha também uma cantora... era uma senhora bem velhinha também... Cantaaaava o dia todo... e a noite toda também... rss...
E então veio a dona "Chorosa"... Essa me fez perder o bom humor, a esportiva e até um pouco da educação... Ela chegou numa viatura do SAMU, trazida por uma vizinha, pois estava tendo um ataque do coração... e gritava e xingava sem parar com a vizinha pois estava de camisola e queria ter se trocado. Era engraçadíssimo no começo. Mas depois transcendeu todos os limites... essa mulher chorou durante mais de 30 hs sem parar... eu NÃO estou exagerando... chorava porque o soro tinha acabado, porque o acesso estava doendo, porque estava com falta de ar... até aí eu respirei fundo... Perdi a educação e a paciência quando ela começou a chorar porque não tinha telefone no quarto do hospital e tinha acabado a bateria do celular dela, porque não tinha janela nem televisão no quarto!!!! Tenha dó!!!! A acompanhante dela, que a essa altura já era uma filha e não mais a vizinha, estava com fones no ouvido!!!! Quase o tempo todo, eu e outras acompanhantes de pacientes e até algumas pacientes ríamos das suas constantes reclamações... Mas chegou um ponto que todos queríamos um pouco de descanso, de tranquilidade, pois ninguém estava ali em férias, não é? Felizmente a Didade foi transferida de volta para a internação em outro andar e nos livramos dela... rss...
Ainda no quarto 100, outra que nos fez dar boas risadas foi uma senhora que tinha diversas deformidades no corpo e era braaaava prá chuchu... mais do que a própria Didade foi um dia... Xingava os médicos e as enfermeiras, as vizinhas de leito e quem mais ela visse na frente... rss... Apesar da postura ofensiva dela, era engraçado e mesmo as enfermeiras riam quase o tempo todo... Arrancava o acesso o tempo todo e reclamava de fome... mas estava em jejum aguardando uma cirurgia... Acabamos rindo muito com seus xingamentos incessantes...
No 611, quarto onde passamos a maior parte do tempo na primeira internação e prá onde voltamos na segunda, tivemos algumas vizinhas engraçadíssimas...
Passei um bocado de nervoso com a primeira, na verdade com uma das filhas dela... Acordava meu pai a noite prá olhar a mãe dela enquanto ela ia fumar, mexia na cama da Didade e na Didade o tempo todo e comeu (!!!!!) meu almoço uma das vezes!!!! Era um nervoso atrás do outro, mas hoje virou tudo risada...
Outra figura foi a companheira de virose... Dona Noelia, estava sozinha, sem acompanhante e sem visita... Uma figura!!! Elétrica, volta e meia queria fugir da cama, arrancar o acesso e coisas do gênero... E era porquinha, hein... rss... Fazia cocô e colocava a mão prá cheirar (como se precisasse... o cheiro ficava impregnado no quarto todo e no corredor... rss), reclamava durante tooodo o banho - especialmente da água... rss...
Nossa última vizinha foi uma completamente fora da casinha... rss... tinha mais piolhos do que vi na minha vida inteira e dizia que eram seus bichinhos de estimação... rss... recusava tratamento que matasse "suas crianças"... Ela nunca entendeu que eu não era enfermeira... Foi ela que me fez rir durante a primeira hemorragia da Didade... o sangue saía pela sonda, que nessa hora estava funcionando como dreno, e ia para um coletor... há! Quando nossa vizinha viu aquilo, começou a espernear, perguntando o que eu estava fazendo, pq eu estava tirando o sangue da velhinha... rss... Foi meu único momento de crueldade... rss... respondi "vou beber e se a senhora não ficar boazinha, o seu vai ser o próximo"... ok, fui má... mas eu tava mega nervosa e não pensei prá responder... Depois dei boas risadas com o pessoal da enfermagem por isso...
Foi um período muito difícil, sim... mas, mais do que nunca, aprendi que precisamos conseguir rir, conseguir encontrar distração em todos os momentos, ou alguns deles jamais seriam possíveis de se atravessar...
Amanhã tem mais...
Beijos açucarados ;ó)
Um comentário:
Faces que tantas vezes desconhecemos e até ignoramos. Muitas vezes, andando pela cidade fico pensando em toda aquela gente indo e vindo, sei lá de onde, sei lá pra onde, nem porque ou para que...cada uma é uma história de uma hora, de um ano, de vidas inteiras e o mais difícil é imaginar a solidão e o abandono como companheiros de final...assim somos...ô raça!
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